segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

PRIMEIRA IMPRESSÃO | All New X-men #2 – ” Somos os filhos da revolução, somos joguetes sem religião, somos o futuro da nação”

All New X-men #02
Historia por: Brian Michael Bendis
Arte por: Stuart Immonen, Wade Von Grawbadger




Talvez os leitores da Marvel mais antigos se lembrem de uma edição da revista do Incrível Hulk que aqui no Brasil saiu nas bancas em um especial, escrita por Peter David e desenhada por George Perez, que se chamava: Futuro Imperfeito. Essa cultuada história contava o encontro do nosso jovem Hulk – na época tendo Banner no controle – com sua versão de cem anos num futuro Apocalíptico, chamada de Maestro.


Como esses jovens heróis vão sobreviver em um mundo tão diferente e perigoso sem o seu precioso professor?


O mote dessa aventura era a tentativa da resistência desse mundo de através da tecnologia de viagem no tempo do já falecido Doutor Destino, trazer o jovem Gigante Esmeralda para esse mundo e fazê-lo encontrar sua versão madura, na tentativa de que esse nunca se torne o déspota impiedoso de que estava fadado a ser. O curioso? Se trocarmos o “Maestro” pelo atual Ciclope, o jovem e idealista Banner pelos novos X-men e ainda utilizarmos a mesma tecnologia de Victor Von Doom, temos o roteiro dessa série!
Os X-men primordiais estrelam esse novo capítulo dessa excitante aventura. O Fera vai ao passado para trazer os primeiros X-men para o presente da nossa cronologia na tentativa de evitar o que ele considera ser o Apocalipse Mutante.
Eles chegam ao presente e… E essa é a edição inteira. Mas não se desespere jovem ou sênior devoto. Brian Michael Bendis é o mestre da descompressão de novas origens. Na revista do Homem Aranha ele conseguiu esticar onze páginas que contavam sua gênese em Amazing Fantasy #15 da década de sessenta ,em sete edições maravilhosas do seu título anos dois mil, Ultimate. E ele aparentemente está empregando a mesma técnica aqui. Essa edição se foca quase exclusivamente na conversa entre Hank Mccoy e os jovens X-men do passado antes de trazê-los para o presente até um final surpreendente de edição.
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Independente do enfoque restrito desse número, Bendis impõe bastantes diálogos e tensões sobre a implicação que essa viajem no tempo irá causar, temperados com bastante humor. O desespero do discurso do Fera fica no limite entre lógica e fanatismo e o leitor termina essa revista se perguntando o quanto sadio mentalmente o bom doutor Mccoy pode estar ultimamente.
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É interessante que outros personagens nessa edição questionem isso. A raiva de Wolverine é compreensível, fora que ele nunca foi à pessoa mais razoável que existe e sua rivalidade com Ciclope, é lendária, independente de que esse Scott Summers seja o de agora ou sua versão mais jovem, mas a atitude do Fera o tempo todo desde que Ciclope assumiu essa atitude mais agressiva, variou entre o desapontamento, arrogância e desdém. Finalmente Bendis parece estar dando um direcionamento para o gênio peludo em relação a todo esse conflito, passo a passo a cada nova edição.
Essa série se trata dos X-men originais vindo para o nosso presente – futuro deles – e se desesperando com o que encontram. A edição anterior usou esses personagens como um gancho para a atual e essa semana lidamos com as implicações do pedido do Fera para a jovem equipe.
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Os diálogos inteligentes entre os personagens é a marca do roteirista desse título, mas apesar dessa segunda parte lidar bastante com isso, de forma alguma repete o conteúdo da anterior. Com bastante diálogos, Stuart Immonem fica com menos espaço para desenhar cenas de ação, mas em nenhum momento ela fica cansativa, muito pelo contrário, o melhor exemplo disso é que a revista acaba e você fica com a sensação de que ela poderia ter mais páginas. Isso não era raro de acontecer antes, devoto???
Bendis faz um excelente trabalho em mostrar todo o desespero do Fera e seu sofrimento pessoal paralelo. Ele está chegando ao fim de sua esperanças, acredita estar morrendo e toma medidas desesperadas, o que faz perfeitamente sentido no esquema maior das coisas.
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Os diálogos da edição são perfeitos, mostrando um apurado conhecimento do autor pelos personagens que trabalha agora. Todo esse novo capítulo mostra o quanto o jovem Fera também é genial, o jovem Homem de Gelo é ingênuo, o jovem Anjo é inseguro, o jovem Ciclope é centrado e reprimido e de quanto a jovem Jean Grey se surpreende com a extensão de seus poderes. E o fim dessa revista mostra que esses X-men não serão apenas um recurso temporário do enredo, mas um forte, contínuo e estável nova peça importante nesse muito maior cenário de revolução mutante.
Stuart Immonen e Wade Von Grawbadger estão acima das expectativas nessa revista. Apenas duas edições desde que a série estreou e roteirista e equipe de arte estão em perfeita sintonia. Immonem é totalmente competente em concretizar todo o universo criativo dos roteiros de Bendis. Seu estilo é perfeito tanto para materializar as emoções dos rostos dos personagens quanto para trabalhar os momentos de ação e seus traços impactantes, como por exemplo no quadro em que Wolverine ataca o jovem Ciclope e é derrotado pelos jovens X-Mem com facilidade. Afinal esses garotos não foram treinados para lidar com Magneto? Que chance Logan teria contra os cinco reunidos.
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Bendis faz um trabalho muito bom em caracterizar essa jovem equipe e diferencia-la de suas contrapartes atuais, mas isso se perde um pouco quando se trata de lidar com cada um individualmente. Alguns jovens mutantes são escritos de forma mais apurada que outros. Ciclope e Anjo têm muito pouco a dizer e ainda menos espaço para reação, mas ao mesmo tempo fica implícito de que o roteirista vai permitir interessantes encontros entre cada um e suas contrapartes futuras. O jovem Fera é o que melhor é caracterizado esse mês e seus diálogos foram tratados com uma realidade ímpar.
Capas alternativas de RIVERA para as edições #1 & #2 de All New X-men
Capas alternativas de RIVERA para as edições #1 & #2 de All New X-men
Os Homens de Gelo estão na revista para que Bendis tenha toda a liberdade de trabalhar seu humor implícito. O que é um exercício aqui de acertar e errar, muitas vezes funciona, outras chega a ser cansativo. Jean teve bastante espaço nesse número também e isso é ótimo, apesar de que não tenhamos ouvido falar dela por anos, ela ressurge como o personagem forte que lembramos. Entretanto a aceitação por sua morte no futuro e o desenvolvimento repentino de sua telepatia poderiam ter sido trabalhados de forma melhor e com mais espaço.
Só o tempo vai dizer se Bendis vai conseguir trazer cinco vozes distintas para cada um desses amados personagens, pois se agora como uma equipe eles mostram uma química única, ainda é uma vergonha que separados nem todos sejam tão interessantes. A única solução para isso? Acompanhar esse título duas vezes por mês, está valendo muito a pena ter fé nessa garotada do passado.
Por fim, uma imagem de Jean Grey “cocota” produzida por Jack Kirby para a série original na década de sessenta. Não é de se espantar que a chamassem de Garota Marvel! Você ia ali?
                    Jean Grey cocota

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